dezembro 18, 2010

Qual a diferença entre o seguidor de Jesus e o religioso?



O seguidor ama o próximo. O religioso se afeiçoa conforme a adesão religiosa.
O seguidor diz que Jesus é a verdade. O religioso diz que a verdade está com ele.
O seguidor se compadece e compartilha seus bens. O religioso, não se contendo, se incha ao ajudar alguém, tendo dificuldades em manter a discrição do seu ato de ajuda.
O seguidor se torna uma boa pessoa. O religioso faz bondade.
O seguidor faz por amor. O religioso faz por interesse.
O seguidor, quando erra, não se martiriza, apenas levanta, segue e diz: “eu sei em quem tenho crido”. O religioso coloca um bloco psicológico nas costas, por achar que o sangue que tira o pecado do mundo é insuficiente.
O seguidor ora com olhos abertos conforme a vida vai acontecendo. O religioso fecha os olhos para não ver a vida.
O seguidor entende que o céu começa aqui, por isso ama o planeta. O religioso odeia o planeta, pois acha que ele pode condená-lo.
O seguidor entende que Cristo é adorado através da vida. O religioso acha que temos que nos franksnteinizar para conseguir adorá-lo.
O seguidor vê vida onde o religioso vê morte. O religioso vê morte onde o seguidor vê vida.
O seguidor come e bebe porque Deus é quem provê todas as coisas. O religioso não come e não bebe porque, para ele, o diabo também provê.
O seguidor não condena o ato de comer e beber. Come e bebe, mas não peca, ou seja, reparte e não superestima a comida e a bebida a ponto de se prejudicar ou prejudicar a outro. O religioso não come e não bebe porque diz que é pecado.
O seguidor contribui para ajudar. O religioso contribui para querer algo em troca ou para não ser condenado.
O seguidor vive sua vida e vê Deus espargindo graça em todos os lugares. O religioso se encaverna na igreja e espera Deus se manifestar na boca do pastor.
O seguidor se reúne com outros seguidores para compartilhar as boas-novas do mestre e ajudar cada um conforme sua necessidade. O religioso se reúne com outros para bater continência, cumprir a presença obrigatória e se inchar de ideologia sectária.
O seguidor chama todos para uma conversão de mente e coração. O religioso chama todos para uma adesão proselitista, pesada e operacional.
O seguidor entende que quem é filho, só é porque se tornou como o Filho é. E se tornou por causa do próprio Filho em nós. O religioso entende que quem é filho, só é porque cumpre os requisitos institucionais.
O seguidor entende que filho pode brotar até de uma pedra. O religioso entende que os filhos de Deus são apenas aqueles que se uniformizam.
O seguidor entende que Deus amou o mundo. O religioso entende que Deus amou as pessoas, quando não diz que amou algumas pessoas.
O seguidor entende que dentro do útero de Deus, podem-se gerar filhos de diversos “genes” e que se interligam na “pluri-gene” de Deus. O religioso entende que os filhos de Deus são seres feito em séries e que são capazes de gerar a sua própria cultura deísta.
O seguidor identifica irmãos em nações, culturas e religiões diferentes. O religioso encontra em cada nação, religião e cultura, o tipo de gente que ruma à danação.
O seguidor entende que fé não é um ato de crença, mas um estado de ser. O religioso entende que fé não é de “crer e ser”, mas apenas uma absorção da informação bíblica.
O seguidor entende que fé é aquilo que agrada a Deus dentro do Homem semelhante ao “filho do Homem”. O religioso acredita que fé é só confessar da boca para fora que Jesus é Deus.
O seguidor crê em Jesus e prega que ninguém se chegará a Deus senão através deste Caminho. O religioso crê na bíblia e prega que ninguém se chegará Deus através da bíblia.
O seguidor crê que a bíblia é um instrumento que aponta para Deus. O religioso crê que a bíblia é o próprio Deus.
O seguidor aprende com a bíblia que fala sobre Deus e sobre o Homem. O religioso se torna Deus com a bíblia na mão.
O seguidor enxerga Deus na arte. O religioso precisa criar a arte evangélica para enxergá-lo.
O seguidor se encanta com a música que nos faz pensar em Deus. O religioso precisa criar a música evangélica para pensar nele.
O seguidor aplaude Deus com a ciência que pesquisa as indesvendáveis criações divinas. O religioso precisa criar a ciência religiosa para proteger aquilo que eles acham que se estabeleceu como mecanicidade da criação.
O seguidor anuncia as boas novas aos que querem crer. Os religiosos fazem apologias às doutrinas.
O seguidor entende que a única religião que Deus estabeleceu é o “ser como ele foi através do amar e ajudar o próximo”. O religioso entende que religião é a ligação entre o Homem e Deus através de formatações litúrgicas e comportamentais.
O seguidor entende que a religião de Deus é a ligação de Homem com Homem, onde Deus é a coroa. O religioso entende que a religião é a ligação entre o Homem e Deus, onde o dogma é a comprovação do elo.
O seguidor entende que para amar algo que ele não vê é preciso amar aquele que ele vê. O religioso entende que amando algo que ele não vê, poderá amar a todos.
O seguidor cura algumas pessoas. O religioso adoece a todos.
O seguidor vislumbra as diversas manifestações do brilho divino no humano. O religioso ofusca o brilho alheio em nome da “luz do evangelho”.
O seguidor batiza os que crêem. O religioso batiza os que aderem.
O seguidor não anda nas trevas. O religioso constrói uma usina hidroelétrica nas trevas.
O seguidor é luz do mundo. O religioso é a cortina-corta-luz.
O seguidor entende que Jesus é o bom pastor. O religioso entende que o seu pastor é bom.
O seguidor acredita que ainda há bons pastores. O religioso afirma que os tais não são bons porque eles não “determinam”, não ameaçam através da “autoridade pastoral” e não pedem dinheiro como o Paulo Maluf pede voto.
O seguidor entende que “quem não é contra nós, está a nosso favor” (em relação aqueles que não seguem o mestre, porém não advogam contra). O religioso rouba a fala de Jesus: “Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha.”
O seguidor acredita que os filhos de Deus habitam os quatro cantos da Terra. O religioso diz que no Oriente Médio não há um filho sequer.
O seguidor diz para um garoto de 11 anos, sentado numa calçada paulistana, se ele quer comer ou beber algo. O religioso dá o endereço de sua igreja.
O seguidor lamenta a miséria africana. O religioso diz que é castigo.
O seguidor arrisca em afirmar que seu inimigo se arrependerá. O religioso deseja que seu inimigo não se arrependa e pague seus pecados no inferno.
O seguidor celebra quando vê a transformação de caráter de um pervertido. O religioso não acredita e torce para estar certo.
O seguidor pode seu qualquer um de nós. O religioso não pode ser qualquer um.
O seguidor é livre. O religioso é livre até onde sua coleira permitir.
O seguidor pode pertencer a religião. O religioso só se achará seguidor dentro da religião.
O seguidor é reconhecido pelo que é. O religioso é conhecido pelo que faz.
O seguidor gera obra como conseqüência de quem ele é. O religioso gera obra para sua salvação.
O seguidor dá frutos (Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer). O religioso não dá um ponto sem nó (Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa)
O seguidor lava os pés do próximo como uma forma de prestatividade. O religioso lava os pés para cumprir um mero ritual.
O seguidor come e bebe e nem “lava as mãos” juntamente com o mestre (marcos 7)! O religioso come e bebe para sua própria condenação.

outubro 29, 2010

EU SOU X EU SEI



Queridos irmãos. Amada igreja. Pedi permissão ao pastor para contar para vocês um testemunho maravilhoso que aconteceu comigo: há um mês atrás, numa segunda-feira aparentemente normal, eu acordei cedo, super cansado. Peguei meu carro zero, que havia acabado de comprar, e, no caminho pro trabalho, perdi o freio e acabei dando de cara com um poste. Amassou tudo. Perda total do automóvel. Perda total da coluna. Fui encaminhado imediatamente para o hospital, e até hoje preciso dessa cadeira de rodas para me locomover. Nada de extraordinário aconteceu. Nenhuma cura milagrosa ocorreu. O seguro até hoje não me pagou. Então, meus irmãos, eu estou aqui para agradecer a Deus por isso tudo. Obrigado, Senhor, por um mês tão ruim e cheio de problemas, e por que nenhum anjo me livrou desse mal.
Foi ontem, no culto de quinta-feira, que ouvi esse estranho testemunho dado por uma pessoa de aparência bastante simples. Nem preciso dizer que nem um irmão aplaudiu. Nem um irmão ficou emocionado... nem um irmão chorou. Muitos até ficaram com pena do sujeito, mas foi só. Na realidade, todos acharam uma grande loucura aquele testemunho.

O que ninguém percebeu é que o testemunho daquele irmão era o tipo de testemunho mais verdadeiro e sincero que pode existir. Isto porque é quando as coisas vão de mal a pior – e nada dá certo – que realmente podemos medir nossa gratidão a Deus. Esse é o melhor termômetro.

Você tem um coração grato a Deus? Você agradece a Deus por tudo, independente do que aconteça? Cuidado, muito cuidado ao responder essa pergunta. Porque a verdade é que nós, muitas vezes, só sentimos um profundo agradecimento a Deus quando as coisas acontecem do jeito que esperamos. É triste, mas é verdade.

E é justamente aí que está o problema. Sabe por quê? Porque quem só consegue agradecer a Deus quando as coisas acontecem da forma esperada, não tem esperança em Deus. Pelo contrário: quem age assim tem esperança em si mesmo, nos seus próprios planos e nos seus próprios sonhos.

De fato, eu só tenho condições de medir minha real gratidão a Deus quando as coisas acontecem de modo diferente do que penso, espero ou programo. Só nessa situação é que poderei dizer, com cem por cento de certeza, se sou realmente grato a Deus por todas as coisas que me acontecem. Só aí é que poderei dizer que realmente confio na vontade de Deus como sendo a melhor, mesmo que seja contra a minha vontade.

Aprender a confiar em Deus pode parecer fácil, mas não é. É um exercício árduo e diário. Quando dizemos com nossas bocas – ou com nossos corações – “Senhor, coloco minha vida em suas mãos”, Ele cuida de nós, não tem jeito. Mesmo que as circunstâncias O acusem dizendo que Ele não está cuidando, ou mesmo que nossos olhos O acusem ao ver que as coisas não estão caminhando como planejamos ou da forma que julgamos ser boa e adequada.

O grande problema é que temos a tendência de pensar que, se Deus cuida de nós, nenhum mal vai nos acontecer. É por isso que tem muito cristão que não compreende o tipo de testemunho dado por esse irmão. É por isso, também, que tem muito cristão dizendo por aí que “crente que é crente não fica deprimido, não contrai doença...”. Que grande besteira. Que evangelho medíocre esse que tem sido pregado.

Experimente falar isso para uma mãe fiel a Deus que ora dia e noite pela cura de seu filho e, mesmo assim, tem de vê-lo morrer de câncer. Ou que tal dizer isso a um servo do Deus altíssimo que, por circunstâncias tristes e aflitivas da vida, entra em profunda depressão?

O que esses “profetas” do século XXI não sabem é que Deus não nos poupa DO sofrer; Ele nos poupa NO sofrer. É verdade. Deus não nos exclui do sofrimento. Ele prefere se incluir no sofrimento junto conosco, ao nosso lado, porque isso nos faz crescer e aprender a confiar nEle.

Sim, a confiança genuína em Deus é um exercício árduo e diário, porque envolve dor e renúncia. Já imaginou se Deus nos desse um cronograma completo e um mapa detalhado, mostrando com antecedência tudo que Ele faria em nossas vidas, bem como o tempo e o modo como as coisas aconteceriam? Nós jamais iríamos ter confiança genuína nEle. Se Deus agisse assim, nós acabaríamos por confiar muito mais no plano detalhado ou no cronograma completo do que propriamente nEle. 

Confiaríamos nos acontecimentos vindouros, e viveríamos o presente em função do futuro, pois saberíamos de antemão que, numa determinada data, algo iria acontecer. Isso não é viver. Isso não é confiar. Isso não é esperar. Enfim, isso não é crer.

Que se esclareça de uma vez por todas: não existe confiança no campo da visão. São conceitos contraditórios entre si, pois quem vê não confia. Quem vê, sabe. Quem vê não espera; quem vê tem conhecimento que algo vai acontecer. É bem verdade que ver um plano detalhado de Deus para minha vida pode até me proporcionar descanso, mas não porque tenho confiança nele, e sim porque EU SEI... porque tenho conhecimento, informações e notícias do que vai acontecer.

E sabe de uma coisa? Deus não costuma dar informações. E quando dá, não as dá com muitos detalhes. Deus não trabalha com notícias; Deus trabalha com promessas. Muitas vezes, Deus prefere dizer que vai fazer sem dizer o que ou como vai fazer. Deus prefere as promessas, porque promessas exigem de nós confiança em seu caráter, esperança na sua provisão e crença em seu cuidado.

Você está descansando no EU SOU, ou está descansando no EU SEI? O que tem te proporcionado descanso na alma? O que você tem visto ou em quem você tem crido?

Se é o que você vê que te faz acreditar e confiar em Deus, sinto de decepcionar: você não acredita nem confia nEle, mas na sua própria visão. A perspectiva é a inversa. A fé que eu tenho em Deus é que deve me fazer ver as coisas acontecendo. Se eu vejo para poder crer, eu não creio. Se eu creio, eu posso ver.

Nós temos que aprender a crer em Deus e a ter um coração grato a Ele independente de ver ou não as coisas acontecendo. Se as coisas acontecem, eu sou grato a Deus. Se as coisas não acontecem, eu também sou grato a Deus. Quando confiamos, entregamos. Entregamos nossas preferências, nossos desejos, nossos sonhos. Abrimos mão que as coisas aconteçam do jeito que a gente quer.

Por isso, não nos surpreendamos mais com tal tipo de testemunho. Deus não depende de acontecimentos extraordinários, ou de milagres, ou seja lá do que for para existir e se fazer presente. Deus está na maior de todas as curas, e também está na maior de todas as perdas. Deus não precisa de circunstâncias favoráveis para mostrar que está ao nosso lado, cuidando de nós. Lembre-se: Deus não nos dá o mapa. Ele fala apenas o essencial para que continuemos caminhando. E em sua voz nós cremos. E pela nossa crença, nós vemos.

por Fernando Khoury

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"Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU".
João 8.58

"Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram".
João 20:29


Retirado do blog: http://atelier-das-ideias.blogspot.com

agosto 11, 2010

Eles não falam em outras línguas e não entendem linguagem alguma

Por Caio Fabio
Aquilo que dia a dia mais me fascina na presente existência é justamente sua multiformidade; ou seja: sua total impossibilidade de ser percebida por um olhar ou apenas por um modo único de olhar a vida.

Por isto me interesso por tudo... Tento me pôr a par de tudo... Examino todas as coisas... E, assim, à Luz do Absoluto do Evangelho, depois de a tudo ver sem medo, retenho o que seja bom; ou seja: guardo de tudo [...] aquilo que se coerentiza com o fluxo do que Jesus chama Vida.

Para isto, no entanto, duas coisas são essenciais: a primeira é ter Jesus como Chave Interpretativa para Tudo na Existência; e a segunda coisa é não temer aproveitar nada que seja coerente, sensato e verdadeiro [...] apenas porque tal coisa não tenha sido explicitamente afirmada pelo Evangelho, embora mantenha sua coerência com o ensino e o espírito de Jesus.

Ora, a dificuldade de tal tarefa para os crentes é que na maioria das vezes, sem que um texto, uma descoberta ou um ensino não venham a se utilizar das terminologias “teológicas ou bíblicas” — as quais para os crentes religiosos são aquilo que designa a “verdade”; ou seja: a terminologia bíblia ou teológico/cristã é também a “Verdade” do ponto de sentir dos crentes... — são considerados heréticos pelos “cristãos” apenas em razão do vernáculo, e não do conteúdo.

Na verdade crente não sabe interpretar!

Ou ele [o crente] ouve tudo conforme a linguagem do gueto, que é sempre a linguagem da seita [...]; ou seja: que diz dogmas que nada explicam, mas dão a sensação de continuidade e coerência aos ouvidos dos que apenas ouvem letras e nunca discernem o espírito da palavra dita e ouvida —; ou, quando assim não seja [...], então, eles [os crentes] rejeitam a mais cristalina Verdade de Deus apenas porque foi dita com palavras não usadas no gueto, ou foi expressa por um código de conhecimento científico, filosófico ou psicológico que no gueto não seja utilizado [...]; ou ainda: porque no gueto não se prepara ninguém nem para entender as Escrituras e o Evangelho, quanto mais para entender e interpretar a Verdade dita com palavras “pagãs” ou por mensageiros “não autorizados” em razão de não serem “cristãos” [...]; ou então por não falarem a nossa língua estranha de comunicação religiosa alienada.

Desse modo o “crente” só considera de Deus aquilo que se declare de Deus; e, por tal razão [...] o crente também não enxerga Deus onde de Deus não se fale ou não se use nada que tenha sido “consagrado” como palavreado de Deus entre os homens...

Esta foi a razão pela qual Jesus fez tanta questão de usar uma linguagem que não se conhecia...“Por que não entendeis a minha linguagem?” — indagava Ele [...] enquanto falava a língua mais popular de Seus dias em Israel; posto que os Seus ouvintes entendessem o aramaico, mas ainda assim não compreendessem a linguagem de Jesus.


Meu exercício diário é entender as pessoas, os espíritos, as essências, posto que sejam essas coisas que correspondam à realidade ou à verdade do que esteja sendo dito; ainda que a linguagem ou os modos sejam diferentes dos códigos aos quais meus ouvidos tenham se habituado entender de modo relacionado às coisas de Deus.

Discernimento de espíritos e de essências é a verdadeira compreensão da linguagem de cada um, independentemente do que a pessoa fale ou de como diga o que diz.

Às vezes vejo a reação das pessoas a algo que esteja sendo dito, com verdade, embora com uma linguagem que em geral não invólucra a terminologia “cristã”... Na maioria das vezes as pessoas balançam a cabeça, ou fazem muxoxos, ou recriminam [...] — e isto apenas porque ouvem letras feitas sons, mas não ouvem a palavra, o conteúdo, a essência, o dito...

A forma mais sutil de idolatria é aquela que se vincula às palavras!

Sim! Não se faz ídolos de barro ou de pedra, mas de palavras, de letras, de formas de dizer e de nomenclaturas oficiais...

A grande idolatria dos Monoteístas é a idolatria das letras e das doutrinas fixas em terminologias mais santas que a Verdade.

Foi em razão da Idolatria à Torá [ou seja: das “Escrituras”] que Jesus não foi discernido e nem compreendido; posto que o culto a forma do dizer fosse mais importante do que o que Jesus dissesse e o que Ele fizesse como prova do amor de Deus.

Assim, foi e é o culto à palavra como imagem, como forma, como modo e como letra [...], justamente aquilo que mais impede as pessoas de discernirem a Palavra fora da Escritura ou do ambiente religioso e teológico.

Quem, todavia, não entende isto, jamais estará pronto para viver a compreensão da verdade nas linguagens mais estranhas deste mundo...

A ironia é que o “Pentecoste” dos crentes faz com que “falem em outras línguas”, mas não se façam jamais entender; ou, quando se fazem entender [...] mostram eles mesmos que nada entenderam do que ensinam e divulgam; ou, ainda, demonstram que existem para falar o que não compreendem, enquanto eles próprios não conseguem entender ou interpretar nada [...]; posto que o “Cristianismo” tenha se tornado uma religião sem interpretação [...], tamanha é a sua incapacidade de entender linguagens...

Um “Pentecoste” que nos faça falar em outras línguas, mas que não nos capacite a entender muitas linguagens, não é o Pentecoste, sendo apenas mais uma terminologia de seita gerar a presunção de algo que não se compreende...

O verdadeiro Pentecoste faz falar em outras línguas, tanto quanto nos faz entender todas as linguagens humanas; posto que o verdadeiro Pentecoste não seja um fenômeno “lingüístico”, mas sim um fenômeno de discernimento, encontro e compreensão do que a vida diz, não do que os indivíduos falem; posto que o que dizem sempre vem carregado do que eu não sou; sendo, portanto, essencial que eu transcenda as formas e me vincule aos espíritos a fim de discernir o que me dizem [...] pelo que são, e não pelo que apenas falem.

Pense nisso!
Caio

julho 30, 2010

Os santos também sujam os pés.

Por: José Barbosa Junior, Crer e Pensar Dica do blog: PENSAR E ORAR

Um dos mais fascinantes momentos bíblicos, ao meu ver, é o momento em que Cristo, durante a última ceia, lava os pés dos discípulos. Toda vez que tento imaginar essa cena, meus olhos marejam... é simplesmente linda!!! E quanta coisa nos ensina...

Ali estavam eles, os discípulos... haviam andado com o Mestre por alguns anos, contemplando face a face o verbo, Deus encarnado, sentindo o cheiro de Deus, vendo o “jeitão” de Deus, ouvindo sua voz...



Mas estava chegando a hora final, a cruz que era desde a eternidade se fazia urgente, palpável, vinha dos tempos eternos para rasgar a história e ver cravada nela o cordeiro imolado desde antes da fundação do mundo. O que era fora do tempo, estava prestes a invadir a cronologia humana e executar o plano, o único plano de Deus para a salvação... a CRUZ.



Jesus então cinge-se com uma toalha, tira a vestimenta de cima, enche uma bacia com água e passa a lavar os pés dos discípulos. Vergonha!! Humilhação!! Quem lavava os pés geralmente era um servo, alguém a mando de seu senhor, dono da festa, dono da casa. Inversão de valores, servos sendo servidos, o Senhor era quem os servia, o dono da festa é quem “paga o mico”... e Ele se humilhou...



Pedro, em seu impetuoso temperamento, seu jeitão tosco, dono do mar, pescador destemido, na arrogância infantil que lhe era peculiar nega essa possibilidade: “nunca me lavarás os pés”. Gesto aparentemente humilde, pois trazia em seu bojo o reconhecimento da autoridade do Mestre, foi duramente reprovado por aquele que trazia a bacia e a toalha nas mãos: “Se eu não te lavar os pés, não tens parte comigo (...) quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais está todo limpo...”



Os santos também sujam seus pés no caminho!



Mesmo aqueles que tem seus pés firmes na rocha, que caminham naquele que é o Caminho, podem por muitas vezes sujar os pés.



O que mais me fascina em Jesus é sua total compreensão da humanidade e sua não-religiosidade. Jesus hoje seria, com certeza, confundido com o AntiCristo por alguns líderes da “religião cristã”, pois seu modo de agir, suas palavras e sua maneira de encarar as coisas difere muito da chamada “moral evangélica”.



Jesus não seria “evangélico”. Cada vez mais me convenço disso. Seu modo de lidar com os erros, com as dificuldades daqueles que sujam os pés no caminho é totalmente diferente da forma como vejo a “igreja”. Ele cuida, ele trata, ele lava os pés, mas não deixa de dizer que o corpo já está limpo... são só os pés... empoeirados, sujos, machucados... quão diferente daqueles que jogam fora a criança junto com a água da bacia... tão típico dos grandes coronéis-apóstolos-super-pastores de nossos “arraiais”.



Essa santidade que anda por aí, que não abre espaço aos pés sujos no caminho, essa eu não quero! Essa santidade do “não toque”, “não prove”, “não mexa” ... é a santidade dos fariseus. Paulo já dizia que essa santidade na verdade é falsa humildade, culto de si mesmo! (Cl 2.20-23). Essa santidade daqueles que querem ser mais santos do que Deus, daqueles que dizem que é pecado aquilo que Deus nunca chamou de tal, essa eu rejeito! A santidade dos “levitas”, dos “apóstolos”, dos “semi-deuses”, dessa eu quero distância.



Quero deixar claro que não estou fazendo uma apologia ao pecado! O mesmo Paulo que escreve o texto acima também diz que não devemos fazer uso dessa liberdade para dar ocasião à carne (Gl 5.13). Para a liberdade foi que Cristo nos chamou, principalmente porque nos libertou do império das trevas, da tirania da carne, para o reino do Filho do seu amor. Liberdade que nos faz responsáveis e que nos enche de gratidão pela graça (ah! a graça) que nos enche os pulmões e a alma do vento que sopra onde quer.



O que estou querendo dizer é que é possível, mesmo no Caminho, sujar os pés... e encontrar consolo naquele que lava pés, corações, mentes, olhos, simplesmente por ser a água viva.



Que Ele nos guarde de todo o mal no caminho que, às vezes, nos suja os pés.


A Segurança da Graça

A Graça é algo assim, você está apaziguado não importa se você está no vale da sombra da morte ou se está sobre as alturas da terra, Deus está contigo em todos os momentos.


A Graça te dá liberdade de ser quem é. Ela te deixa livre para descansar em Deus, sabendo que é no amor que você realmente produz fruto.


Essa é a boa nova do Evangelho: Jesus nos trouxe cura na alma para que continuássemos sendo sarados no caminho da vida. A Graça é um processo contínuo de aprendizagem.


Ela nos fala de vida e não morte, mesmo que esta vida se revele em meio à dor da morte.


Ela fala de liberdade, mesmo que esta se revele atrás de grades.


A Graça não aprisiona ninguém, mas faz nascer dentro de quem crê uma fonte que salta para a vida eterna.


Assim, a Graça fala da água que transborda e que acaba por inundar a própria vida. Neste processo,outras vidas são inundadas no caminho. É natural.

CARTA ABERTA A CHICO ANYSIO

                                                   Fonte: http://www.caiofabio.net/


DEUS? QUE DEUS?


"Mas e então? Que Deus é este que deixa que morra um menino de 18 anos, à espera de começar seu caminho na vida e deixa vivo e solto o animal que o atropelou, o débil mental que faz de um tunel uma pista de corrida e simplesmente arranca da vida um ser bonito, jovem, ansioso por começar a viver, filho de uma mãe maravilhosa, como colega, como amiga e como pessoa? Para onde Deus estava olhando quando isto aconteceu? Para onde ele olha enquanto negras magérrimas juntam areia a um pouco de água suja e dão para seus filhos na esperança de o salvar? Não é Ele que tudo sabe e que tudo vê? E como não vê o eterno inferno em que vivem judeus e palestinos por causa de dois palmos de terra? Deus é onipresente? E quando o Bruno matou ou mandou matar a mulher que lhe dera um filho e dele desejava o dinheiro suficiente para a criança sobrevier? Deus é onisciente? Então ele sabia que o Rafael teria que morrer naquele dia, naquela hora e daquele modo. Sendo assim, meus amigos eu deixo à disposição de todos a minha parte de Deus porque se Ele tem e é tantos “onis” e o mundo está como está, eu prefiro ficar sozinho."

Resposta:
Chico Anysio

A vida e a morte são dois lados da mesma moeda. São irmãs siamesas que se unem de modo sucessivo; primeiro a vida, depois a morte.

Não haveria devoção a Deus se o ser humano fosse conservado e fadado a morrer apenas na velhice – um mero infarto. Por que haveria descrença justificada na morte prematura de um ser vivo?

Fato é que por crermos que Deus é uma espécie de garçom galáctico, ele haveria de nos poupar das fatalidades cruéis e nos abastar conforme o desejo de cada um.

Esse Deus não existe e se existisse, ele seria o responsável pela morte do Rafael, filho da Cissa Guimarães.

O Deus que você deixou de crer e o Deus que a grande massa crê são uma, a extremidade da outra, e está abaixo da linha do horizonte daquilo que de fato é e existe.

A percepção de que há um Deus não é apenas fator de necessidade, é uma identidade do Homem e o que apenas vai se esvaindo pela história no rolo compressor da evolução do pensamento, são as teorias a cerca dele.

Hoje, você desiste e abandona suas suspeições de que Ele existe, porém, saiba: ninguém crê ou descrê nele por desistência ou esforço intelectual.

Se suas agruras lhe fizeram perder a fé, permita-me dizer que você perdeu apenas o “apetite” de sustentar suas convicções de crenças.

A fé não é convicção de nada que não seja um eco daquilo que ressoa dentro do coração humano.

Um grande e bom coração que ressoa amor, não pode confessar incredulidade. Um grande e bom coração é encontrado por Deus mesmo em face de decepção, ignorância e ceticismo.

Ainda que a boca humana confesse algo, nem sempre o que dizemos, de fato, é o que cremos.

Há quem diz, publicamente, “sim” sobre Deus, porém o coração diz “não”. Há quem diz, publicamente, “não” sobre Deus, porém o coração diz “sim”.

Outra coisa, Deus não tem respostas. Deus é a própria resposta. A resposta dele é que ele reconciliou o Homem ao seu seio e debaixo de sua dextra, tudo nasce, tudo cresce, tudo morre e em morrendo, tudo volta a ter vida nele e para sempre.

Somos e sempre seremos filhos dele com toda a nossa revolta contra Ele e com todo o nosso entulho de informação que especulamos a respeito dele.

Hoje, você proclama independência intelectual a respeito de Deus, porém somente uma coisa validaria e isso não tem a ver com suas convicções, tem a ver com quem você é, como você viveu e como você se relaciona dentro deste elo de vida humana.

Bem-aventurado é aquele que consegue reverberar em convicção aquilo que ele não creu com palavras, mas com jeito de ser e viver.

Nós somos tão pueris que não cabe a nós saber quem somos através do que cremos cabe a Deus saber e julgar o que de fato cremos pelo o que de fato somos.

O amor de Deus não tapa buraco existencial e não impede de que tragédias aconteçam. O amor de Deus é o chão que acolhe todo o suor e sangue e faz brotar esperança, amparo e unidade com o seu próprio semelhante.

Na angústia, Deus é “Deus em você e em mim” ao que sofre, ao que geme. Choremos e cuidemos uns dos outros.

Chico Anysio, esta carta é expressão de minha admiração a você e consciência de que quem sabe melhor de nós, é Deus.



Abraços fraternos,

Moisés Lourenço

26/07/2010

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